Fragmentos

de Discursos e Poesias.

       
"Que a juventude da Pátria levante voo.
Que suas asas dominem os horizontes.
Que suas almas não sejam pássaros domésticos, 

mas sejam grandes águias inebriadas de sol e de azul nas amplidões da nossa história!"



  Brasil Caboclo




A brisa suave e morna desta linda Guajará,

onde as velas multicores das igarités enfeitam a paisagem amazônida;

onde as mangueiras balouçantes encantam e enternecem corações;

a hospitalidade bem diz do povo que a abriga;

nós nos reunimos para vencer,

para engrinaldar nossos esforços de glória

e para cantar este Brasil gigante, caboclo, sertanejo, brejeiro, campineiro

 a olular pelos quatro cantos da sua fronteira,

a eterna jovialidade do professor primário,

construtor de uma nação nobre,

moldador das inteligências que a dirige para um futuro cheio de esperanças,

onde seja gravada, com toda a amplidão de sua formosura,

a legenda "Ordem e Progresso" que ostenta nossa bandeira .





Margem Norte do Amazonas.
“ Cái em mim, agora, um sentimento de tristeza...

Um sentimento que, de uma alma de mulher, é mais profundo que a própria elegia da    minha profissão de mestra.

É o sentimento de não ser no meu Amapá esta festa de titãs.
Sinto não ter podido abrigar-vos lá na margem norte do Amazonas,
Onde as águas arrostam terras e paixões, na ânsia de vencer o mar;
Onde o embaciamento das cores da planície se mistura com a saudade;
Onde nos lagos – os mais bonitos do meu Brasil – proliferam os peixes,
Entre a música do vento e a dança grácil das algas lacustres;
Onde vento é mais brando e a lua é mais bela;
Onde o céu é mais estrelado e as nuvens mais ligeiras;
Onde o verde é mais verde e os campos sem fim.”

Trechos do discurso proferido pela professora Deusolina Salles Farias, no dia 13-01-1964, no auditório da Faculdade de Medicina, em Belém do Pará, por ocasião do encerramento do VI Congresso Nacional de
Professores Primários.



Acordar para a Vida

Caiu prostrada em pranto!

Seu sofrimento foi tanto,

                                                      Ilustração: Adaury
quase morri de desgosto!

           Lá me fui para outra escola!

           Aquela não me aceitava! ...

           - Dona Faninha me odiava!

           Pobre velha sofredora!

           Hoje, dou graças a Deus,

           por algo ter aprendido

           e vivo arrependido

           do que fiz com a professora!

Hoje, que o tempo passou

e eu acordei para a vida,

é que sei, Mamãe querida,

os erros que pratiquei! ...

Você bem sabe, mamãe,

Que eu fui um menino horrível

pela série indescritível

dos desgostos que lhe dei!

           Ajoelho-me ante a distância,

           para lhe pedir perdão

           e dizer de coração:

           “Seu filho se arrependeu!”

           Arrependi-me, Mamãe,

           de tudo ter praticado;

           por isso odeio o passado,

           só porque você sofreu! ...

                      Mas a mamãe carinhosa,

                      amiga fraterna e boa,

                      ama, padece, perdoa,

                      faz o que você me fez!

                      Se eu voltasse à minha infância,

                      seria feliz, porque

                      estou certo que você

                      me perdoaria outra vez!



    
           E contemplastes redes nos alpendres das fazendas, o gado espalhado nas várzeas, caboclos desbravando as matas virgens cantando na faixa da lavoura ou trazendo violas nos terreiros.
           E comboios devorando léguas, automóveis nas retas estiradas dos campos infindáveis onde galopam sieremas e o sabiá modula a sua canção à hora do anoitecer. E viste navios fluviais batendo as rodas, e canoas batendo remo e boiadas levantando a poeira loira dos caminhos e arranha-céus, fábricas, estridos de indústrias e rumor de comércio e cidadezinhas na amplidão continental, com seu cruzeiro, seu campanário e os sinos cantando no azul do céu. E vieste dominando, dominando ...
    



A Festa das Luzes
A mulher – a família – a Pátria – a Luz.

           O homem vem da terra conquanto a sua descendência seja gerada no seio da mulher.

           Este é o meu hino – pobre mas comovido – que ergo às alturas.

           Que a tua missão seja a de integrar. Que o povo brasileiro coloque acima de tudo os supremos interesses da Pátria.

           Com uma estratégia para a integração que começa pela quebra do isolamento a que estava relegada imensa parte do território nacional.

           Que seja este momento um marco histórico para o Amapá.

           Que a juventude da Pátria levante voo. Que suas asas dominem os horizontes. Que suas almas não sejam pássaros domésticos, mas sejam grandes águias inebriadas de sol e de azul nas amplidões da nossa História.

           Essa chama viverá em todo brasileiro que acenderá em si mesmo a lâmpada sagrada de uma fé dominadora, utilizando-se para acendê-la, daquela centelha que foi retirada da infinita e eterna chama do Verbo Altíssimo.

           Vivificar a liberdade, enobrecer a pessoa humana, engrandecer o Brasil, transmitir à posteridade um patrimônio moral em que ela se defenda, se afirme e se engrandeça, realizando a Pátria dos nossos sonhos, que é a Pátria inspirada na lei eterna do Cristo.







           E parece que foi ontem que te víamos ainda criança, o Brasil-Menino de negras de saias rendadas e balaios à cabeça; das procissões com andores feitos de ouro a queima de incenso, mirra e benjoim perfumando a caminhada noturna da propagação da fé que ainda nos conduz a Deus; Brasil que nos recorda a intrepidez de seus filhos procurando rasgar o sertão da terra virgem, transpondo serras ou cruzando mares, rompendo com a convenção europeia das Tordesilhas, lançando os alicerces da unidade nacional e da grandeza da terra.
        


                      É uma chuva de pétalas verde-amarelo a acolchoar o chão abençoado desta Terra de Santa Cruz no ensejo do Sesquicentenário da Independência da Pátria: 150 anos de emancipação política e aí estamos a galgar os degraus da glória numa marcha contínua de pensamentos, de ação criadora, de exércitos e de heróis, de sábios, de marcha nas selvas conduzindo pelas brenhas da floresta os sonhos de outro dos bandeirantes.




Brasil de ontem, que destemidamente enfrentou a luta bravia entre o Homem e a Natureza hostil na vasta extensão dos rios e igarapés que rasgam as nossas florestas. 
Brasil de homens de costas nuas, tostadas pelo sol, que desafiam os perigos nas pequenas igarités, subindo ou descendo rios encachoeirados, ou que se ativam, machado em punho, contra as muralhas vegetais! 
Brasil dos engenhos; 
Brasil das rodas moenda e de carros de bois apinhados de cana; 
Brasil dos negros e das senzalas; 
Brasil dos audazes bandeirantes que se embrenhavam selva a dentro, e cruzavam rios sem nome, campos e baixadas sem trilhos....



           Sêde benvindos! 

         O IETA, este cenáculo majestoso de luz, apresenta-se hoje mais imponente e mais orgulhoso para acolher-vos.

            Vêde... tudo é belo, tudo está mais lindo, para apresentar-vos esta mensagem de Boas vindas.

             Aqui tereis uma grande e importante missão a cumprir: Sob a orientação de vossos mestres, conseguireis desvendar o desconhecido e, através de doutrinas fortes e sadias, ides fertilizar o subsolo de vossas almas, para criar uma existência limpa de erro, devotada ao melhoramento social, pelo constante respeito à Lei, ao direito alheio, à prática do Bem.



"... cabe a nós, para que se faça realmente um admirável mundo novo, a primordial tarefa de compreender melhor os nossos semelhantes, estudar seriamente os novos padrões éticos e sociais que se apresentam.
O Brasil caminha a passos largos para o seu desenvolvimento e esta é a hora em que a Pátria exige que cada brasileiro tome a responsabilidade que nos cabe conscientizando-nos da grande parcela de responsabilidade no sentido de nos tornarmos lídimos defensores das liberdades políticas sociais que nos foram transmitidas por nossos antepassados.


"Não basta desenvolver as aptidões e a inteligência; não basta preparar para a vida. Tudo isso seria nada, quando os homens fossem débis, deformados, incapazes de esforços e de atividades fecundas".



       
    "Para combater o sedentarismo, o excesso de trabalho intelectual, a longa permanência em recintos fechados e, de um modo geral, a vida antinatural, imposta pela civilização contemporânea, recomenda-se o pedestrianismo, as excursões, o campismo, etc."



           "O desporto, para verdadeiramente merecer este nome, não visa apenas à formação física, mas, igualmente, à formação moral e social".


        


"A única finalidade que podemos aceitar será aquela que dê maior valor à personalidade de cada qual. E será através da Educação que obteremos essa continuidade do enriquecimento do processo da vida por pensamentos e ações melhores".


"A educação está na vida e para a vida. Seu objetivo é o único que se adapta a um mundo em desenvolvimento".

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