Livreto impresso com os discursos |
Discurso proferido pela professora
Deusolina Salles Farias, no dia 13 de janeiro de1964, no auditório da Faculdade
de Medicina, em Belém do Pará, por ocasião do encerramento do VI Congresso Nacional
de Professores Primários.
VI
CONGRESSO NACIONAL DE PROFESSORES PRIMÁRIOS
BELÉM—PARÁ
Excelentíssimo senhor representante do Governador do Estado do Pará.
Exm°. Revdm° Dom
Alberto Guadêncio Ramos, Arcebispo Metropolitano.
Exmo. dr. José da
Silveira Neto, Magnífico Reitor de Universidade do Pará.
Exma. sra . Profa.
Maria Elisa Viegas de Medeiros, Presidente da Confederação Nacional dos
Professores Primários.
Digníssimas autoridades
presentes ou representadas.
Prezados Congressistas:
Depois deste feliz convívio, e, quando
o conhecimento nos amplexou com a simplicidade brasileira; depois que nos
identificamos pelo ideal sagrado de uma Pátria livre, chegou a minha vez de
pedir a Deus, que nos dê força, compreensão e coragem, para vencer os
obstáculos que interpuserem em nossos caminhos. Permitam-me dirigir minhas
primeiras palavras aos Exmos. Senhores Aurélio do Carmo, DD. Governador do
Estado; General Luiz Geolás de Moura Carvalho, M.D. Prefeito Municipal; Dr.
Benedito Pádua Costa, eficiente Secretário de Estado de Educação e Cultura; Dr.
José Silveira Neto, Magnífico Reitor da Universidade, pois foram eles que, vencendo
óbices, reuniram-se numa jornada de compreensão e desvelo para proporcionar ao Mestre-Escola
do Brasil, mais esta magnífica oportunidade de debater os importantes problemas
da educação da infância brasileira, para o qual todos os nossos momentos são sentidos,
na catequese racional dos princípios básicos da sobrevivência do professor e glória
da Pátria querida.
A eles, neste momento, os professores do
Amapá, participantes da Associação de classe, desejam prestar a mais comovente homenagem,
que é aquela em que os nossos corações gravarão, nos seus recantos de gratidão,
com a mais indelével tinta da humildade, o MUITO OBRIGADO POR TUDO.
Deus quis assim!
A brisa suave e morna desta linda Guajará,
onde as velas multicores das igarités enfeitam a paisagem amazônida; onde as mangueiras
balouçantes encantam e enternecem corações; a hospitalidade bem diz do povo que
a abriga; nós nos reunimos para vencer, para engrinaldar nossos esforços de glória
e para cantar este Brasil gigante, caboclo, sertanejo, brejeiro, campineiro, a olular
pelos quatro cantos da sua fronteira, a eterna jovialidade do professor primário,
construtor de uma nação nobre, moldador das inteligências que a dirige para um futuro
cheio de esperanças, onde seja gravada, com toda a amplidão de sua formosura, a
legenda "Ordem e Progresso" que os tenta nossa bandeira.
Cái em mim, agora, um sentimento de tristeza...
Um sentimento que, de uma alma de mulher,
é mais profundo que a própria elegia da minha profissão de mestra.
É o sentimento de não ser no meu Amapá
esta festa de titãs.
Sinto não ter podido abrigar-vos lá na
margem norte do Amazonas, onde as águas arrostam terras e paixões, na ânsia de vencer
o mar; onde o embaciamento das cores da planície se mistura com a saudade; onde
nos lagos – os mais bonitos do meu Brasil – proliferam os peixes, entre a música
do vento e a dança gracil das algas lacustres; o vento é mais brando e a lua é mais
bela; onde o céu é mais estrelado e as nuvens mais ligeiras; onde o verde é mais
verde e os campos sem fim.
Mas, meus senhores e minhas senhoras, prezados
colegas, o Brasil é um só.
Vencemos. E agradecemos aos governantes
do Pará, que abriram os portões deste imenso jardim amazônida e permitiram que,
colhêssemos nele, dos miosótis delicados aos lírios brancos da paz, das rosas rubras
do amor, às orquídeas singelas, para enfeitar esta festa, que não é do professorado
do Amapá, nem do rio grandense do sul, nem do pernambucano e nem tampouco do paraense,
mas deste país tão grande, tão belo, tão forte. É das crianças travessas e dos
meninos sem lar. Do homem do campo e do morador da cidade. Da mulher doméstica e
da operária das fábricas. Do homem público e do comerciante próspero. Do analfabeto
rude e do intelectual dos simpósios. É enfim da mocidade em festa, crente num futuro
de glórias, e dos anciãos encanecidos, que tudo fizeram para que houvesse Glória
a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens de boa vontade.
Conclamo agora, senhores congressistas,
o Rio Grande, dos pampas e do vinho; São Paulo, dos cafezais; Guanabara, das praias
lindas; Minas, das fontes termais; Goiás, os alti-planos; Bahia, das senzalas; Pernambuco,
dos canaviais; Paraíba, do sertão adusto e do algodão; Pará, dos castanhais nativos
e Amapá do manganês, para, reunidos, darmos forças à Confederação dos Professores
Primários do Brasil – órgão de defesa e de interesse de nossa classe – surgida da
ideia de nobres professores que encontraram em Maria Elisa Viegas, Mair Leal, Marina
Tavares, Evaldo Melo e tantos outros, que, num verdadeiro sentimento de unidade,
vêm lutando, discrepando todas as ideias que se insurjam contra a vitória do professor
primário. Com o apoio da Confederação, as constantes provas de interdependência
que nos uniram, foi possível, hoje, aqui, saudarmos todos os Estados da Federação,
com a mais bela lição de solidariedade de classe para um além mais promissor e duradouro.
Senhores Congressistas: chegamos ao fim
de uma jornada. Estrada que palmilhamos durante sete dias ouvindo os mais capazes,
tomando lições de como lutar. Que levemos para nossos lugares algo de bom. Que deixemos
em cada companheiro de Congresso um irmão para novas campanhas, novas lutas, para
que em cada lar desta Pátria, haja menos um analfabeto. Levemos para os campos ou
para as cidades o desejo de uma Pátria mais justa. Levemos conosco toda essa bagagem
de contatos obtida quando entrelaçamos as mãos e circundamos o Brasil. Que a bandeira
que nos cobre continue a tremular, sem nunca ter de se manchar em guerras de rapina
ou de cobiças.
Unamo-nos cada vez mais por uma distribuição
mais equitativa de justiça e sentimentos nobres ao professor primário do Brasil.
Resta-me agora, senhores e senhoras, em
nome da Associação dos Professores Primários do Amapá, incumbida da realização deste
conclave, agradecer vossas presenças e vosso apoio, sem os quais, faleceria a vontade
de vencermos e conquistarmos, em catadupas, as etapas da vitória que alcançamos.
Às autoridades civis e militares, ao comércio,
ao generoso povo que nos deu guarida, mais uma vez, em que pese a humildade do professor
primário do Brasil, o nosso mais terno e carinhoso reconhecimento.
Senhores, o Brasil é belo.
O futuro é próximo.
Caminhemos altaneiros. Sem olhar para traz.
Um horizonte azul, bem azul, nos espera:
É a Pátria estremecida .
Discurso proferido quando da passagem do Fogo Simbólico da Pátria pela cidade de Macapá-AP, (1971/1972)
Fogo Simbólico
da Pátria 1
Venceste hoje a tua jornada gloriosa
chama bendita do meu amado Brasil.
Hoje,
como ontem, a tua luz vivificante e cheia do mais puro sentimento de fé e
confiança nos teus filhos é como um poderoso sol a focar todos os pontos de tua
carta geográfica, onde se projetam as cenas mais lindas do Universo. E assim
terminaste a tua trajetória luminosa vivificando as chamas do amor mais
vivificante brotado da evocação de um passado, na certeza de um presente a
resplandecer no futuro a doce crença de um amanhã mais promissor a acentuar-se
à luz do sol dos trópicos colorindo-se com o amarelo dos ipês, o vermelho das
suinãs, o roxo das quaresmeiras e as asas multicores dos pássaros e das
borboletas.
Contemplando
a beleza de tua chama sagrada nós a vemos seguir o curso desses rios que só o
Brasil possui: Amazonas, São Francisco, Capibaribe, Solimões são gigantes de
água namorando o oceano engrinaldado de espuma e coroado de palmeiras sem fim.
Os
corações de todos os brasileiros de todos os quadrantes deste torrão majestoso,
permanecerá uma centelha ardente de amor pela pátria. E tu espargiste sobre casas
e ruas, praças e jardins, serras e caudais, ilhas e baias, cabos e
promontórios, praias e lagoas, cidades, vilas e aldeias, pontes e muros ensombrados de pomares, chafarizes e bombas de
gasolina, pequenos hotéis do sertão, casarões patriarcais, igrejas e ermidas.
E
contemplastes redes nos alpendres das fazendas, o gado espalhado nas várzeas,
caboclos desbravando as matas virgens cantando na faixa da lavoura ou trazendo
violas nos terreiros.
E comboios
devorando léguas, automóveis nas retas estiradas dos campos infindáveis onde
galopam sieremas e o sabiá modula a sua canção à hora do anoitecer. E viste
navios fluviais batendo as rodas, e canoas batendo remo e boiadas levantando a
poeira loira dos caminhos e arranha-céus, fábricas, estridos de indústrias e
rumor de comércio e cidadezinhas na amplidão continental, com seu cruzeiro, seu
campanário e os sinos cantando no azul do céu. E vieste dominando, dominando ...
E
aqui chegastes depois de unir a Amazônia os quatro cantos do Brasil, correndo
na inconstância dos rios, na provisoriedade das ilhas, barrancos e igarapés,
conduzindo pedaços de floresta flutuante ao léu das correntezas, nhambiquaras
de nudez edênica, nas malocas da Amazônia é um quadro majestoso. Passastes nos
penhascos da Ilha, do Pão de Açúcar, do Corcovado – cintilaste tua chama nas
milhares de chaminés das fábricas paulistas, beijando o rio das Mortes na Serra
do Roncador, onde as trevas desapareceram. O Tapajós, o Xingu, o Araguaia, o
Tocantins, as cabeceiras do Rio Negro, os extremos do Acre o Brasil
crescendo... crescendo. Chegaste as cabeceiras do Oiapoque esse sentinela indômita
do Brasil e vistes do alto a pororoca na sua força indomável, a luta da
Cobra-Grande, os jacarés, a sucuri terrível para encantar finalmente o bravo
caboclo amapaense... Tudo isso é Brasil.
As coxilhas
sulinas olhando as planícies onduladas ensombrecidas pelos umbuzeiros.
As campanhas paranaenses onde os pinheiros em que se
erguem as araucárias monumentais.
As serranias de São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e
Espírito Santo.
As caatingas do Nordeste onde o mandacaru floresce.
A Amazônia de horizontes baixos.
Os campos de Mato Grosso e Goiás.
É
Setembro... traduz o nascimento do Brasil Brasileiro, do Brasil que trocou o
seu cocar de penas por um cocar de estrelas. O mês das musas, das festas, do
canto da liberdade. Tuas centelhas se multiplicam e se desdobram como uma trena
pela investida de terra brasileira.
Todas
essas diferenciações, esses contrastes, transformam-se num estuário inspirado
na construção maravilhosa da Unidade Nacional.
Brasil
é um novo mundo.
Chama bendita:
É o
símbolo do nosso amor, de nossa união.
Traduzes a profecia do grande Brasil.
Ficar e lutar. Vencer ou morrer. Pois
essa é a glória dos fundadores da Pátria, dos construtores do Brasil de hoje.
Bandeirantes
do século XX abrindo estradas ligando o Brasil de Norte a Sul, Leste a Oeste.
Dilatados,
estão, os horizontes da Pátria.
É
necessário ressaltar, tu reavivas a epopeia vivida pela reconquista da terra
brasileira.
Discurso proferido quando da comemoração dos 150 anos de Indenependencia do brasil.
Sesquicentenário da Independência
Senhores
Pela
2ª vez na sua história cívica, o Amapá recebe, genuflexo e emocionado, o Fogo
Simbólico da Pátria. Irmanada ao ideal patriótico que, faz vibrar e fortemente
o coração dos brasileiros nesta epopeia indescritível de amor pátrio, no ensejo
dos 150 anos de nossa Independência, o Brasil nos une, através dessa Chama
Sagrada que não conhece distâncias imensas, nem no mar, nem na terra, que não
desiste da caminhada para Oeste, para o Sul, para Leste e para o Norte.
Desta vez a arrancada gloriosa da
Corrida do Fogo Simbólico é acompanhada pela distensão sempre da voz cabocla do
amapaense que se levanta lá nas cabeceiras do Oiapoque para relembrar ao Brasil
a sua fibra, o valor de uma raça que soube defender um pedaço do solo pátrio
reafirmando a consciência da nossa unidade humana na comunidade brasileira
alertando e mantendo de pé as nossas tradições de povo que ama a sua liberdade
e a sua dignidade.
No calor vivificante desta chama
bendita que aquece e unifica os nossos destinos, vemos crescer milagrosamente a
personalidade nacional de uma Pátria jovem, que acorda, ainda envolta na
evocação de seu passado glorioso, revendo os feitos heróicos de seus filhos,
cujo trabalho se integra na sua destinação histórica.
À luz desta chama sagrada, desfralda,
altaneiro o nosso auri-verde-pendão contemplando mais uma página maravilhosa da
história pátria, desta pátria onde a miscigenação de três raças, formam um povo
forte, valente, patriota, brioso, eterno namorado deste céu de anil incomparável, onde
esvoaçam pássaros em cujas penas cintilam as sete cores do arco-íris.
Que o Brasil continue a espalhar
centelhas de calor, luz e amor em busca da legítima integração nacional.
Que aos nossos ocorridos ressoem
sempre o rumor dos passos daqueles que tudo fizeram para nos legar
um torrão livre e forte onde o exemplo de Araribóia, Henrique Dias, Felipe dos
Santos, Tiradentes – o bem cívico da nação Brasileira, dos bons
Guararapes, Caxias, do nosso imortal
Cabralzinho e também outros brasileiros que tudo fizeram por esta majestosa Terra
de Santa Cruz, seja um livro aberto de exemplos às nossas gerações. Esses homens
continuarão através do tempo e do espaço
sentinelas altaneiras cujos braços apontam os destinos de uma nacionalidade que
se firma e se projeta no cenário mundial, fortificados por essa força que
sustenta de pé todas as prerrogativas de um País que se agiganta aos olhos do
mundo.
Chama Sagrada de meu Brasil: no cinza
azulado desta fumaça que de ti se enrola eu sinto crescer dentro de mim um
desejo imenso de viver para bendizer-te ante a gloriosa jornada de tua
arrancada vitoriosa.
E parece que foi ontem que te víamos
ainda criança, o Brasil-Menino de negras de saias rendadas e balaios à cabeça;
das procissões com andores feitos de ouro a queima de incenso,
mirra e benjoim perfumando a caminhada noturna da propagação da fé que ainda
nos conduz a Deus; Brasil que nos recorda a intrepidez de seus filhos
procurando rasgar o sertão da terra virgem, transpondo serras ou cruzando
mares, rompendo com a convenção europeia das Tordesilhas, lançando os alicerces
da unidade nacional e da grandeza da terra.
Que ao teu fogo cívico, Chama Sagrada
do meu Brasil, seja aliado o nosso calor ardente de patriotas que se integram
cada vez mais à civilização brasileira a cada instante mais responsável perante
si mesmo e o Mundo. Que nessa união conquistemos o futuro, trabalho e esperança
de todos os brasileiros.
Dar alma a uma Pátria é reativar-lhe
as energias oriundas dos séculos passados. É lembrar o trabalho de nossos
irmãos na luta pela grandeza nacional. É ter presente na memória os feitos
gloriosos de todos aqueles que tudo fizeram para que o Brasil chegasse e se
tornasse maior.
Olhai o Brasil através do pensamento.
Observai-o minuciosamente, queridos alunos, para melhor entendê-lo dentro
daquilo que ele está a exigir de vós. Seria longo historiar o desenvolvimento
desta terra abençoada cuja marcha é a conquista total de uma imensa área de
8.525.000 km².
Volvei os olhos ao século XVI e
contemplai o indígena de nudez edênica, nas malocas, a balançar-se nos berços
de taquara, suspensos pelas cordas de cipó, embalando brasileirinhos morenos,
filhos de índios e portugueses. Ouvi as vozes dos guerreiros brancos onde
muitos heróis tombaram nos meandros da mata rodeado dos uivos do jaguar.
Cada qual tem sua história, drama,
tragédia ou poema, ensinando aos brasileiros de hoje a lição dos seus maiores
quando afirmavam no continente a soberania da Pátria.
Queridos alunos: o ano de 1972 marca
o sesquicentenário de nossa Independência. Celebramos, condignamente, a
passagem desse sesquicentenário, com o firme propósito de darmos um sentindo
efetivo, de realidade atual, às palavras de D. Pedro I: “Independência ou
Morte!” É preciso que o grito do Ipiranga ganhe uma nova vibração, que ele se
exprima como uma atitude energética, e que, em todas as almas uma grande
decisão clame sobre os horizontes do Brasil: “Independência ou Morte!”
É preciso mobilizar os historiadores,
os sociólogos, os juristas, os professores, os alunos, o povo em geral, para o
espírito desse acontecimento: Não basta ser intelectual, é preciso ter também
raízes na tradicionalidade, ter alma capaz de sentir e de interpretar os fatos
do passado, com amor e devoção.
Discurso na passagem dos 150 Anos da Independência do Brasil , em outro momento das comemorações
Discurso de boas vindas ao alunos do IETA - Instituto de Educação do Território do Amapá,
Companheiros do Brasil que me ouvis:
Contempla o Brasil, no presente momento,
uma das páginas mais vibrantes de sua história, quando o povo se concentra
espiritualmente, para comemorar o Sesquicentenário da nossa Independência. E ei-lo que desperta, ainda
envolto na evocação do seu passado glorioso, revendo os feitos heroicos de seus
filhos, a evolução de sua vida político-social, as paisagens que se multiplicam
a cada instante, docemente, como a embalar os sonhos de nossos antepassados nas
aventuras e nas glórias que dignificam duas Pátrias: Brasil e Portugal que hoje
passa de Mãe Pátria à irmã consanguínea de Nação Brasileira.
Cento e cinquenta anos marcaram a
passagem gloriosa de nossa emancipação política. Cada lar brasileiro
resplandece ao participar desse festival multicolorido, da paisagem brasileira
cujas palmeiras espalmadas aos quatro ventos desfraldam à luz dos trópicos,
como multidões de bandeiras – símbolo da esperança de um povo. Celebremos a
passagem dos 150 anos da Independência da Pátria, quando o sentimento da terra
põe em destaque a personalidade nacional, que se exprime no vitalizante
nativismo gerado no século 18 e proliferado no século 19, quando surgiu aos
olhos extasiados do Mundo, o Brasil Verde-Amarelo, Brasil que soube manter sob
sua soberania a imensa faixa de terra com que forma o seu domínio. Brasil de ontem,
que destemidamente enfrentou a luta bravia entre o Homem e a Natureza hostil na
vasta extensão dos rios e igarapés que rasgam as nossas florestas. Brasil de
homens de costas nuas, tostadas pelo sol, que desafiam os perigos nas pequenas
igarités, subindo ou descendo rios encachoeirados, ou que se ativam, machado em
punho, contra as muralhas vegetais! Brasil dos engenhos; Brasil das rodas
moenda e de carros de bois apinhados de cana; Brasil dos negros e das senzalas;
Brasil dos audazes bandeirantes que se embrenhavam selva a dentro, e cruzavam
rios sem nome, campos e baixadas sem trilhos.... Isto, senhores, é o símbolo de
uma Pátria, cujos filhos são frutos de uma vida heróica que vale como a
profecia que nos ensina a manter de pé a Liberdade e a Dignidade.
O
Brasil é um milagre do poder realizador dos brasileiros. Aí está a razão de ser
desta festa que se irradia nas cidades e nos campos, nas planícies e nas
montanhas a nos acordar ao som de uma clarinada, para louvar aquele Príncipe de
nossa história que nos arroubos de sua juventude, resolveu ficar no Brasil para
lutar pela glorificação de um povo. Pensou em ficar para lutar... Vencer ou
Morrer...
Esta foi a glória de Pedro I, de José
Bonifácio e tantos outros fundadores do novo Brasil – Construtores do Porvir.
Reverenciemos também a memória daquele
outro jovem cujo sacrifício foi o primeiro passo para a consolidação de nossa
Independência, Tiradentes. Esse herói cívico da Nação Brasileira é merecedor de
um altar dentro dos nossos corações de patriotas. Ele que não transigiu, não
recuou, não cedeu uma linha do pensamento carinhosamente pensado, do sonho
ardentemente sonhado... Foi com o seu exemplo que nasceu a força que sustentou
de pé todos os heróis que se fizeram prisioneiros do seu próprio sonho; os
sentimentos do nosso patriotismo; esta altivez que ainda nos distingue na
defesa de nossa liberdade; esta capacidade de afirmação e de luta que sentimos
vibrar dentro de nós;
Discurso de boas vindas ao alunos do IETA - Instituto de Educação do Território do Amapá,
no primeiro dia de aula, no prédio hoje ocupado pela UEAP,
Queridos
alunos:
Aqui estamos para saudar-vos, nesta
manhã cheia de esperanças que marca o início de mais uma etapa estudantil.
Em nome do corpo administrativo deste
Instituto e no de vossos mestres, quero dizer-vos da felicidade que sentimos em
receber-vos para esta luta gloriosa na conquista de vossa preparação e para a
descoberta de todas as incógnitas do Saber.
E é por isso que hoje nos encontramos
neste abraço todo especial, para brindarmos esta felicidade, na taça de um
grande ideal.
Sêde benvindos! O IETA, este cenáculo
majestoso de luz, apresenta-se hoje mais imponente e mais orgulhoso para
acolher-vos.
Vêde... tudo é belo, tudo está mais
lindo, para apresentar-vos esta mensagem de Boas vindas.
Aqui tereis uma grande e importante
missão a cumprir: Sob a orientação de vossos mestres, conseguireis desvendar o
desconhecido e, através de doutrinas fortes e sadias, ides fertilizar o subsolo
de vossas almas, para criar uma existência limpa de erro, devotada ao
melhoramento social, pelo constante respeito à Lei, ao direito alheio, à
prática do Bem.
Assiduidade, pontualidade, asseio,
cordialidade, estima, afeto, alegria, vontade imensa e sincera de aprender, eis
os principais deveres que vos impõe a condição de estudantes.
Em relação à Escola, amá-la
sobretudo, e testemunhar-lhe esse Amor no zêlo pelo que lhe pertence: mapas,
globos, onde ireis aprender a conhecer a nossa Pátria e as pátrias alheias; as
carteiras, onde dias e dias, durante anos, vos debruçareis para estudar; os
quadros de giz nos quais penetrareis nos mistérios dos cálculos e na ciência
dos números; ao próprio edifício, sob cujo teto as mais doces satisfações vos
tomarão a alma.
Quanto aos vossos colegas, deveis
Fraternidade e Auxílio. O mais forte defenderá o mais fraco dentro de um regime
de amabilidade, estima, afeto, devotamento, abnegação.
Para com os vossos mestres, bem o
sabeis: deveis um sincero e profundo respeito, mais do que respeito: veneração;
e estima, a mais profunda e sincera.
Aqui, no Instituto de Educação do Amapá,
ficais certos, encontrareis o lugar de carinho que tão bem mereceis.
Prezados
colegas de magistério:
O IETA vos saúda.
Neste momento de tão grande
importância para todos nós, quando nos reunimos para o desempenho da árdua
tarefa de educar, ergamos uma prece aos Céus, pelo bom êxito de nossos
objetivos. Lembramo-nos, no entanto, que a garantia desse êxito é, de fato,
relativa: das nossas mãos têm saído, ou poderão sair, ao mesmo tempo, ótimos e
maus elementos. Muitas qualidades se têm exigido de nós, qualidades inatas e
adquiridas: qualidades físicas, intelectuais, morais...
Entretanto, além destas qualidades
básicas, é imprescindível ainda a necessidade de adaptação aos anseios naturais
de nossos alunos. Sabemos perfeitamente que juízes permanentes nos assistem –
que nos julgam no presente e que formarão de nós um juízo definitivo através da
vida...
Que tremenda responsabilidade a
nossa!... Mas, se realmente nos considerarmos educadores, basta fazer de nossas
aulas um contato da “vida com a vida”.
A nossa ação, como educadores, não
cessa com o término das aulas. Exemplo sadio dentro e fora da escola,
equilíbrio mental, respeito para com os outros, convicções definidas, senso de
responsabilidade expresso na exposição da matéria, na correção aos trabalhos,
na ministração do conceito ou da nota, no espírito de justiça, na regularidade
e pontualidade às aulas e ainda otimismo, humildade e amor, muito amor, afim de
que possamos cumprir a nossa missão, eis o que este Instituto exigirá de nós.
Em nossos dias, quando a eletrônica
está surgindo em todos os meios de trabalho, não podemos esquecer Pestalozzi,
ao afirmar: “A educação é obra de amor”.
Para inspiração de nosso trabalho,
meditemos nestas palavras tão expressivas, de Lauro de Oliveira Lima:
“O
que damos aos jovens não está nas leis, nos sistemas, nos métodos, nos
regulamentos: está dentro do coração dos educadores. ”
Temos que construir primeiro a nós
próprios para depois darmo-nos à juventude. A mocidade tem o direto de ter bons
mestres.
Mocidade
esperançosa do IETA:
Atentai para os “slogans” transcritos
nas faixas que adornam a nossa cidade. Março é tempo de construir. Sim,
construiremos um Brasil maior, mais forte, mais coeso, onde servireis
historicamente a Pátria, cultuando-lhe o nome querido, os seus augustos
símbolos, a memória de seus heróis...
Construamos hoje, olhando um
alvorecer bem próximo. Confiamos em vós... Estamos certos que todos saberão
querer, saberão discernir o que querem, conscientes de que o vosso papel é reafirmar
a expressão maravilhosa que inspirou Barroso a uma bravura sem fim "O
Brasil espera que cada um cumpra o seu dever".
O esporte visa não somente à formação
física,
mas, igualmente, à formação moral e social.
O
calendário do tempo marcou o ano de 1972 para o Brasil. Revestiu a paisagem
como de cuja clarinada inicia-se uma jornada cívica com a emoção de quem tem
sempre o coração aberto para dar.
Na
sua carreira para atingir o clímax do desenvolvimento tenta o Brasil a valorização de seus filhos
através de um esforço dirigido no sentido da participação dos gigantescos
empreendimentos que se hão de inserir na pauta do nosso destino nacional.
Não basta desenvolver as aptidões e a
inteligência; não basta preparar para a vida. Tudo isso seria nada, quando os
homens fossem débis,
deformados, incapazes de esforços e de atividades fecundas.
Compreendeu-se que povo algum poderá ser
forte se apenas possuir homens fracos.
O trabalho da inteligência é facilitado
pelas contrações rítmicas dos músculos e que certos exercícios físicos
estimulam o pensamento.
O cérebro comanda, os músculos obedecem.
Considerando-se
que a educação, digna deste nome abrange o homem todo, o seu corpo e a sua
alma.
Para
combater o sedentarismo, o excesso de trabalho intelectual, a longa permanência
em recintos fechados e, de um modo geral, a vida antinatural, imposta pela
civilização contemporânea, recomenda-se o pedestrianismo, as excursões, o
campismo, etc.
Entende-se por desporto o conjunto de
atividades físicas com base em quaisquer exercícios metódicos, e com finalidade
útil, quer individual, quer social. O desporto deve condicionar-se aos
princípios fundamentais da Moral e da Higiene.
O
desporto, para verdadeiramente merecer este nome, não visa apenas à formação
física, mas, igualmente, à formação moral e social.
A
palavra desporto é moderna. Representa a tradução do vocábulo inglês sport, que
significa: jogo, entretenimento, passatempo, recreio, etc.
Só
depois de 1910, em face das atividades físicas é que se procurou aportuguesar o
termo para desporto, em Portugal e desporto ou esporte no Brasil.
São
inúmeras as vantagens dos desportos quando praticadas com perfeita e justa
compreensão:
a)
Satisfazem à
necessidade humana de movimento
b)
Constituem um
ótimo desaguadouro para o espírito combativo do homem, que é, assim, canalizado
para uma atividade útil e inofensiva.
c)
Afastam o ser
humano de outras atividades perniciosas, tais como espetáculos inconvenientes,
excessos sexuais, embriagues, prazeres da mesa, prodigalidade, etc.
d)
Fortalecem a
saúde do corpo
e)
Fortalecem a
vontade
f)
Libertam o homem
da sentimentalidade doentia;
g)
Desenvolvem o
espírito de iniciativa
h)
Ensinam a
disciplina
i)
Contrariam o
egoísmo.
O desporto é, de um modo geral, útil em
todas as idades, desde que seja praticado com método, regra e consciência. Mas
é, principalmente, útil na adolescência e na mocidade.
A geração atual está a atingir o seu
máximo esplendor. E esta geração marca o início de nossa vida independente.
Trecho de um trabalho sobre a educação brasileira.
Problemas
da educação brasileira
Uma face do Brasil apresenta:
1-
Índice cultural elevado
2-
Posição privilegiada no campo
tecnológico
3-
Arrancada para a ciência
A outra face do Brasil, apresenta:
1)
Analfabetismo em grande escala.
2)
Elevado índice de pobreza, doenças.
3)
Miséria: falta de abrigo, alimentação,
vestuário.
4)
Elevado índice de menores empregados.
5)
Predominam atividades primárias.
6)
Alta quota de exportação de matéria
prima.
7)
Alta quota de importação de bens
elaborados, seja de inversão ou consumo.
8)
Elevado índice de desemprego.
O
Brasil caracteriza-se por seus aspectos regionais. Na imensa área nacional, as
diferenças do meio físico, dos acontecimentos históricos e de ocupação humana,
produziram variações regionais das instituições brasileiras e dos padrões
culturais. Em vista disso, o levantamento da educação, em qualquer região do
país, precisa tomar em consideração condições regionais específicas e problemas
regionais, tanto quanto as relações concretas da região com a nação como um
todo, isto é, como a região se comporta no contexto nacional.
É
preciso conscientizar o brasileiro sobre o atraso do país e levá-lo à
deliberação de progredir. E essa tarefa deve ser iniciada imediatamente através
da educação. É necessário estabelecer que a compreensão dos problemas
educacionais brasileiros devem ser baseados no conhecimento dos fundamentos
sociais e culturais da região. A situação educacional precisa,
consequentemente, ser considerada em termos das unidades políticas que mantém o
sistema educacional sem que, todavia percam de vista as exigências das
condições locais.
Como levar o Brasil ao
desenvolvimento educacional?
Tomada
de consciência:
1- Somente
através da educação – mola das aspirações de um povo – poderá o Brasil ocupar o
seu verdadeiro lugar como nação desenvolvida.
2- A
mudança de estrutura econômica no sentido da industrialização e da mecanização
do trabalho agrícola, a reestruturação dos quadros profissionais urbanos e
rurais e a educação que esses fenômenos supõem.
3- A
questão das áreas subdesenvolvidas e o papel da educação em sua recuperação.
4- A
formação do professor primário e suas condições: o problema profissional do
professor primário tendo em vista salários, carreira profissional, assistência
social, técnico e profissional.
5- A
Educação de base como esforço dirigido e coordenado de soerguimento do nível
tecnológico das populações locais tendo em vista suas possibilidades e reais
necessidades.
6- Dirigir
esforços para a formação do homem de amanhã. O homem do “novo tipo”, conscientizado
para o trabalho e para a democracia.
Conclusão
A vida mudou, está mudando,
continuará a mudar. E isso se tem dado e continuará a dar-se, por força de
certas tendências da vida moderna, que se podem resumir nestes três grandes
aspectos: a industrialização, a expansão das idéias democráticas e a
perplexidade de jovens e adultos em tomar uma firme atitude em face de novas
questões da vida moral.
Aceitando a realidade, devemos lutar
pela formação do homem capaz de pensar e decidir por si mesmo, de pensar
livremente, sem as peias de preconceitos, de decidir altruisticamente,
preferindo o bem social a qualquer vantagem ou bem individual.
A
única finalidade que podemos aceitar será aquela que dê maior valor à
personalidade de cada qual. E será através da Educação que obteremos essa
continuidade do enriquecimento do processo da vida por pensamentos e ações
melhores.
A
educação está na vida e para a vida. Seu objetivo é o único que se adapta a um
mundo em desenvolvimento.
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